segunda-feira, 19 de março de 2012

O Fotógrafo Observador do Cotidiano Urbano



      Observar o mundo, as pessoas, o meio em que vivemos, nos faz perceber a grande
quantidade de inquietudes humanas. O desafio do Fotógrafo flanador é registrar, através
da fotografia, o meio social, urbano e também particular da cidade e sua transformação.
      Não é apenas sair pra fotografar, mas reconhecer em cada detalhe as características desta
nova vida. Trabalho, compromissos, o tempo que muda o dia que poderia passar de 24 para
48 horas, insuficiente para os afazeres diários. O Flâneur se remete as particularidades,
com sensibilidade, vivencia o meio, mas sempre imperceptível. Ele é um personagem
dentro de uma história que apenas observa. Seu papel é autenticar os modos sociais,
incitar no observador, pelo resultado de seus registros autênticos com uma riqueza de
detalhes, as mudanças através do tempo usando a sensibilidade do olhar criando como
ícone na fotografia ou semelhança do real, em variadas interpretações dos espaços em tal
momento, a nova face de um mundo diferente, real, no qual as pessoas já não percebem
por fazerem parte de um cotidiano, situações que passam despercebidas por estarem no
mesmo ambiente de observação. O Fotógrafo Flanador utiliza-se de uma interpretação
através do ato de fotografar, que se determina no registro de um momento construído por
especificidades, as vezes ordenadas, ou casuais, utilizando como base para entendermos
de que forma essas mudanças temporais acontecem, os fatos inusitados da história deste
ambiente, dados históricos, relatos de historiadores em seus livros, apropriando-se do
texto como ferramenta base para a paralisação e discriminação no corte temporal do
tempo/espaço, pela fotografia atual, as temáticas urbanas.
     Quando nos referimos a sentido e interpretação de uma imagem utilizando o
texto através das citações bibliográficas, na construção das poéticas relacionadas a
acontecimentos passados, dados históricos, fatos citados em livros, enciclopédias, jornais,
revistas que contam um dando momento histórico. Usamos a fotografia para um olhar
atual dos acontecimentos neste período de tempo/espaço, na significação das ocorrências
das mudanças espaciais da área urbana. As relações feitas por texto e fotografia criam
um elo com o espectador deste registro, para uma nova observação das transformações
ocorridas ao longo do tempo e, nessa nova ótica (texto e imagem), se difere criando uma
nova concepção na análise dos registros feitos pelo fotógrafo flanador. Ele, inserido no
contexto de pesquisa, consegue relacionar pessoas e cidade (espaços estáticos, prédios,
estruturas físicas) aos fatos que ocorrem neste tempo/espaço como uma figura que enxerga
as mudanças de forma diferente. A criação das relações poéticas textual e fotografia, busca
no espectador o significado e o entendimento, no qual a imagem não se torna apenas uma
representação da realidade, mas um sistema simbólico de novas interpretações por dado
fato que se molda e da relevância quando o espectador agrega a leitura escrita e logo em
seguida leitura visual, resultando num processo interpretativo mais dinâmico, autêntico, informativo e debatedor.

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